30/12/2008

carta de Amor para 2009 a 2 mãos e 3 olhares

Um ano, dois anos, três anos,... 54 anos e as passagens são feitas repetitivamente.
Dão voltas ao calendário lendário do tempo numerado, não vá acontecer um milagre e ninguém saiba contar para a história a exactidão do acontecido.
Não. Não é num passo de mágica de 12 desejos de uvas passas e um brinde de espumoso que poderá eventualmente ser champagne genuíno, que se rasgarão véus ou nascerão flores em lamas de petróleo.
E, de milagres precisamos tanto!
De um raio incisivo ou asas de uma pomba branca que toque corações desalmados. Armados.
De um milagre dos pães, não multiplicados mas divididos, para que não estoirem uns de tanto e possam viver outros com um pouco.

Precisamos de Amor!

«Vou escrever-te mais um bocadinho.
É que me faltava dizer-te
que gostei muito da vida apesar de ter visto tanto sofrimento.
É que vi muitas provas de amor.
O nosso, o que os outros me tiveram,
o que pude ter pelos outros. Isto dá-nos esperança para saber que é possível um mundo de amor.
Vivi só para esse mundo
e nenhum outro me interessa.
Fico espantada quando penso nas
pessoas que vivem completamente
desligadas dele.







Tenho a sensação que ainda não entraram no mundo verdadeiro, que têm andado por aí enganadas e que só aqueles que vivem do amor as poderão salvar com o amor que lhes derem mesmo sem elas quererem.
Tu dizias-me uma vez que temos que aprender a amar os ricos e os poderosos. O amor não precisa de ser correspondido. A gente ama-os e pronto.»


«Depois, tomei consciência de que o mundo da fé, como tudo o que por aqui se passa, estava profundamente ligado ao mundo dos afectos.»

Quero dizer-te também que não fazes nada de extraordinário amares quem te ama ou apenas aqueles de quem gostas, isso é fácil e a facilidade fecha-nos num mundo vazio de actos grandiosos e apagado de vislumbres. A verdadeira prova da grandeza da alma humana é amar quem não admiramos, quem não nos ama. É vermos neles o Homem com todas as suas fragilidades e complexidades. São essas pessoas que nos dão a oportunidade de exercermos a tolerância e a paciência. Digo-te que não é fácil, nada fácil. Mas esses são os degraus que nos fazem chegar ao topo da tal montanha de que tanto gostamos de mencionar. Que nos trazem serenidade e nos lançam para a claridade. Que nos fazem compreender o verdadeiro sentido da vida.








«Não tenho medo da morte porque a vida eterna não começa depois da morte. Começa aqui na terra, perante
a escolha que fazemos de acompanhar com amor as alegrias e as tristezas dos outros. Deus não terá que
nos julgar.
O julgamento é feito todos os dias perante aquilo que andamos a fazer. Também não me
impressiona morrer sem compreender o que é Deus.
Se eu O compreendesse é porque não era Deus.»


por fim
«A consciência da complexidade do viver leva-me a pôr de parte as
amarguras e as melancolias metafísicas. Por um lado, sinto que o tempo e o universo me olham com indiferença e distância e que, para eles, a minha história pessoal poderá ser considerada como a daqueles pobres que eu vi a dormir, lado a lado, ao longo dos passeios de Bombaim, quando, uma noite, seguia de táxi para o aeroporto da cidade. Por outro, tenho a simultânea convicção de que tudo o que é importante se forma a partir da consciência da nossa história pessoal, por mais pobre e monótona que ela seja.»










Desejo a todos sem excepção (aos "Fifas" também), que o ano de 2009 vos ofereça tudo aquilo que mais desejam e vos faça felizes.



Com muito amor

mié







Excertos: O Tecido do Outono, de
António Alçada Baptista retirados do Blog Catharsis da Ana Paula, que sem lhe pedir permissão, permiti-me trazê-los. Obrigada Ana Paula.

Fotografias de Jerry N.Uelsmann, Robert & Shana ParkeHarrison e mié

17/12/2008

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Feliz Natal e um Bom Ano de 2009


Cá na Vila, todos os anos as crianças fazem o presépio na praceta. A ftg ficou assim assim, estava muito nevoeiro...desculpas :)

De mala feita porque o ritual mantêm-se. Natal é família, é aletria, arroz doce, rabanadas, pasteis de bacalhau, folar de carne, filhoses, sonhos, mais umas coisitas e o bacalhau, que desde há uns anos deixou de ser cozido com couve tronchuda, batatas cenouras e ovos e passou a ser à zé do pipo. Assim toda a gente come bacalhau na ceia de Natal como manda a tradição.
É um dia inteiro na cozinha entre tachos, batedeira, tabuleiros, cheiro a canela, conversas, risadas e pelo meio lembranças dos que já partiram, telefonemas e beijinhos dos que não podem estar presentes, o Fifas (cão) que já não pode com um gato pelo rabo, refila e arranha o vidro da porta porque também quer participar nas provas. A dona condescende a pedido da tia porque é dia de festa :).
Depois chegam as crianças pequenas que ainda acreditam no pai natal, as "crianças" grandes que já não vão em cantigas, o resto da família e os novos acrescentos.
Ter uma família grande é assim. Há sempre muito movimento e grande excitação.


Feliz Natal para todos(as). Deixo-vos um beijo imenso.
Muito Obrigada.

15/12/2008

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Libertas o fumo dos dias entediosamente mortos porque deles não queres nem memórias fechadas. Basta-te o pão e a água, a boca e a rosa guardadas no livro de cabeceira, os beijos e os abraços musgos com que fazes a cama do nascer.
Olho-te pela manhã. O sol é coroa de raios nos olhos que fechas, para veres o silêncio do teu mar de braços e troncos e tu neles contida, nesta bola de terra e mar que nos calhou. Se visses como é tão pequena!
Na tua escama de peixe, como diz al berto, segredas-me que a beleza de Deus é tão luminosa que nos cega, por isso o não vemos. Eu digo-te que sim.
Devagar, como se esse fosse o derradeiro momento, bebes a vida numa chávena de café e no fumo de um cigarro. Sabes os segredos guardados nas aragens com que enches o peito. Serenas, as horas passam-te. Sinal evidente de que Júpiter brilha muito menos que tu.
Levantas-te e vens ao meu encontro.


Dizes-me: hoje vamos ao inferno, onde o gesto e a ternura são buzinas de alcatrão na cidade feita só para iguais. Há alguém a precisar de nós.
Então vamos, digo-te. Depois recolheremos as estrelas cadentes numa caixa de chocolates.




Fotografias de jerry uelsmann

13/12/2008

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A arte serve a beleza, e a beleza é a felicidade de possuir uma forma, e a forma é a chave orgânica da existência; tudo o que vive deve possuir uma forma para poder existir, e, portanto, a arte, mesmo a trágica, conta a felicidade da existência.
Boris Pasternak
















a matéria talvez não seja mais que uma máscara

entre todas as máscaras usadas pelo grande rosto.










Lilya Corneli

11/12/2008

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A ternura e o sorriso nascem-me de pequemos nadas. desta música, por exemplo.

...você vai ver, ai ai você vai ver,
um dia desses de manhã compadre Pomba você vai ver como eu me caso com você:)

Um Dia Desses - Adriana Calcanhotto

09/12/2008

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há palavras fechadas
a vermelho. vivo. rubro.________ recatadamente silenciosas.
que podem ser paixão. ou sangue. ou morte
extremos de um universo
onde o meio é o vómito de deus.


__________outras... andam aqui.