Sei que muitas vezes não temos paciência ou disponibilidade mental para ler, nos blogs, textos com mais de" meia dúzia de linhas". O conteúdo deste pequeno excerto do velho livro (li-o a 1ª vez em 85) DENIER DU RÊVE (título original) da Grande M.Y. neste momento faz-me todo o sentido, tem muito de significante da nossa sociedade e dos tempos que correm; a deturpação dos factos, a inveja, a mentira e o convencimento dela, a difamação, são ingredientes quotidianos que desviam o Homem da sua verdadeira essência e do propósito que lhe está conferido, não por destino mas por obrigação.
Quem tiver paciência...
Se tivessem pedido às vizinhas informações sobre Rosália di Credo, estas mulheres ter-se-iam
entendido para responder que esta solteirona era feia, que era avarenta, que cuidara com ternura da sua mãe inválida mas que deixara partir, sem uma palavra, o seu velho pai para um asilo, e que se travara de razões com a irmã Angiola a partir do instante em que esta se mostrara suficientemente hábil para encontrar um marido; finalmente, que morava em tal rua, em tal número, em tal casa de Roma.
Todas estas informações eram falsas: Rosália di Credo era bela, dessa beleza magra que só precisa, para se manifestar, do menos possível de carne. A fadiga, e não a idade, havia submetido os seus traços a esse lento desgaste que acaba por tornar humanas até mesmo as estátuas das igrejas; era avarenta, como todos aqueles que só têm dinheiro para uma única despesa e chama para um só amor. Detestava não a irmã mas o marido que lhe levara a irmã; o pai, e não a mãe, foram a grande paixão da sua infância; e morava em Gemara.
Testemunho do Sonho
(pág.36, edição Gallimard,1971)
Marguerite Yourcenar
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Egon Schiele image
Perdi-me na imagem...
ResponderEliminarTantas coisas que imagino ver...
Beijo.
M
i
é
Gostei de ler...
ResponderEliminarCom o passar do tempo os reclacamentos,...moldam o caractér de cada um.
Quanto ao resto,...é próprio dos humanos,... falar do desconhecido que aparece na porta ao lado,...
É também consequência da solidão e das frustações,... que cada um tem e em que cada um vive.
Só espero que o individualismo e o egoismo que parece imperar nos tempos que correm,...não se torne cada vez pior,...ao ponto de como tu dizes e bem,..."desviar o Homem da sua verdadeira essência..."
Beijinho e boa semana
a essência de saber Ler e assim desbravar territórios de sangue.
ResponderEliminarTu.
numa elegia clássica sobre o eu de nós.
com Ela. a M.Y.
o meu beijo.
_______________planando.
Mas este diz que diz está ainda tão na moda!
ResponderEliminarBonito a imagem... talvez a comparar a confusão mental de tais mentiras... e depois para as manter?
Beijo
em azul
Se olharmos melhor, podemos reparar!
ResponderEliminarBelo o texto e a imagem... sim... a pedir demora.
ResponderEliminarVenho agradecer a visita e as palavras. Essa senhora, dois degraus acima :), prega-me partidas, pois acha que ando preguiçosa :))
Obrigada Mié, um beijo
e...
beijo Y :)))
Perco-me nela, na verdadeira DIVA...e ao contrario do que dizia Santo Agostinho (noutro contexto claro)... ainda bem que cedo a conheci e como viva está.
ResponderEliminarNão o li em 85, porque ainda não tinha capacidade para tal... mas li-o anos mais tarde dado por uma pessoa que me é muito especial, o que se tornou ainda mais um livro especial.
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Querida Mie, permite-me, é mais forte do que eu
Homem, não... pessoa ou talvez ser humano
eu sei que sou chata nisto, mas queria mesmo absorver as tuas palavras e algo me estava a impedir :-)))
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este fim-de-semana vou às medusas
Bela Vista a caminho (se tiver tempo aceitavel)
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bjo grande
estou como a maria.........
ResponderEliminarperdi-me na imagem........
adoro egon schiele
mas........
tb a yourcenar............
(e eu continuo, sempre diariamente... mesmo que seja um nada sem valor algum, sabe-me bem... um postezinho...)
aparece!
bj
Recordar Yourcenar é sempre deslumbrante.
ResponderEliminarCada vez mais, inteiramente contigo, quanto a isto: o espírito malévolo que teima em manifestar-se contra os outros. Contra aqueles que implicam uma diferença, ou um confronto qualquer. Com a nossa própria natureza. Difícil de assumir, e mais difícil ainda de melhorar.
Quanto não há de infinita humanidade neste olhar literário que aqui registaste!
E, claro, eu tenho toda a paciência! :) É uma das minhas qualidades. E depois... gosto de ler!
Um beijinho, Mié!