Dão voltas ao calendário lendário do tempo numerado, não vá acontecer um milagre e ninguém saiba contar para a história a exactidão do acontecido.
Não. Não é num passo de mágica de 12 desejos de uvas passas e um brinde de espumoso que poderá eventualmente ser champagne genuíno, que se rasgarão véus ou nascerão flores em lamas de petróleo.
E, de milagres precisamos tanto!
De um raio incisivo ou asas de uma pomba branca que toque corações desalmados. Armados.
De um milagre dos pães, não multiplicados mas divididos, para que não estoirem uns de tanto e possam viver outros com um pouco.
Precisamos de Amor!
É que me faltava dizer-te
que gostei muito da vida apesar de ter visto tanto sofrimento.
É que vi muitas provas de amor.
O nosso, o que os outros me tiveram,
O nosso, o que os outros me tiveram,
o que pude ter pelos outros. Isto dá-nos esperança para saber que é possível um mundo de amor.
Vivi só para esse mundo
e nenhum outro me interessa.
Fico espantada quando penso nas
pessoas que vivem completamente
desligadas dele.
desligadas dele.
Tenho a sensação que ainda não entraram no mundo verdadeiro, que têm andado por aí enganadas e que só aqueles que vivem do amor as poderão salvar com o amor que lhes derem mesmo sem elas quererem.
Tu dizias-me uma vez que temos que aprender a amar os ricos e os poderosos. O amor não precisa de ser correspondido. A gente ama-os e pronto.»
«Depois, tomei consciência de que o mundo da fé, como tudo o que por aqui se passa, estava profundamente ligado ao mundo dos afectos.»
Quero dizer-te também que não fazes nada de extraordinário amares quem te ama ou apenas aqueles de quem gostas, isso é fácil e a facilidade fecha-nos num mundo vazio de actos grandiosos e apagado de vislumbres. A verdadeira prova da grandeza da alma humana é amar quem não admiramos, quem não nos ama. É vermos neles o Homem com todas as suas fragilidades e complexidades. São essas pessoas que nos dão a oportunidade de exercermos a tolerância e a paciência. Digo-te que não é fácil, nada fácil. Mas esses são os degraus que nos fazem chegar ao topo da tal montanha de que tanto gostamos de mencionar. Que nos trazem serenidade e nos lançam para a claridade. Que nos fazem compreender o verdadeiro sentido da vida.
«Não tenho medo da morte porque a vida eterna não começa depois da morte. Começa aqui na terra, perante
a escolha que fazemos de acompanhar com amor as alegrias e as tristezas dos outros. Deus não terá que
nos julgar.
O julgamento é feito todos os dias perante aquilo que andamos a fazer. Também não me
impressiona morrer sem compreender o que é Deus.
Se eu O compreendesse é porque não era Deus.»
por fim
«A consciência da complexidade do viver leva-me a pôr de parte as
amarguras e as melancolias metafísicas. Por um lado, sinto que o tempo e o universo me olham com indiferença e distância e que, para eles, a minha história pessoal poderá ser considerada como a daqueles pobres que eu vi a dormir, lado a lado, ao longo dos passeios de Bombaim, quando, uma noite, seguia de táxi para o aeroporto da cidade. Por outro, tenho a simultânea convicção de que tudo o que é importante se forma a partir da consciência da nossa história pessoal, por mais pobre e monótona que ela seja.»
Desejo a todos sem excepção (aos "Fifas" também), que o ano de 2009 vos ofereça tudo aquilo que mais desejam e vos faça felizes.
Com muito amor
mié
Excertos: O Tecido do Outono, de António Alçada Baptista retirados do Blog Catharsis da Ana Paula, que sem lhe pedir permissão, permiti-me trazê-los. Obrigada Ana Paula.
Fotografias de Jerry N.Uelsmann, Robert & Shana ParkeHarrison e mié
Com muito amor
mié
Excertos: O Tecido do Outono, de António Alçada Baptista retirados do Blog Catharsis da Ana Paula, que sem lhe pedir permissão, permiti-me trazê-los. Obrigada Ana Paula.
Fotografias de Jerry N.Uelsmann, Robert & Shana ParkeHarrison e mié