16/02/2009

"Entrada por Saída"

é o último trabalho de Jorge Molder ( que eu tive o prazer de conhecer e trabalhar nos anos 1978 a 1982 sensivelmente, altura em que se dedicou exclusivamente à fotografia como modo de expressão).
"Nascido em 1947, formado em Filosofia, Jorge Molder é um artista que fotografa e assim exprime a duplicidade, servindo-se não só da fotografia, como do próprio corpo – o resultado é, podemos dizê-lo, uma ficção e não um auto-retrato, uma possível referência a um qualquer aspecto (o dia-a-dia, o cinema, a literatura…) que, mesmo que surja sequenciado, não busca necessariamente a constituição em forma narrativa. A duplicidade surge também na construção/ recepção da fotografia: por um lado, a simplicidade no modo como o conceito transmitido é construído: um artista que se fotografa a si mesmo; por outro, a complexidade do sentido que as imagens pretendem veicular."









Vale a pena ver e ler - Link Jorge Molder

Sabe ao menos do que lhe estive a falar? Da vida? *
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Roland Barthes já o havia dito: “A Fotografia é subversiva não quando assusta, perturba ou até estigmatiza, mas quando é pensativa”
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Primeiro, o corpo aparece assim, tornado imagem, como para ser mostrado ou mostrar qualquer coisa. O sujeito representado apresenta um ar grave, um olhar intenso, uma presença que nunca chegamos a saber se é também uma ausência. Mas a luz, como o corpo, no seu ponto de fuga, indicam que estão ali para serem olhados. Sombras inatingíveis das quais restam as ilusões platónicas, corpos em movimento que desafiam o olhar insistente da máquina fotográfica, sabendo que ela quer e vai fixar para sempre uma aparência.
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Por isso, o corpo entra como sai, alternadamente, desloca-se, cai, desafia o tempo na evanescência das suas formas. Ao mesmo tempo que é fixado pela fotografia adquire leveza, ganha velocidade, porque a forma pouco interessa. O tempo é, afinal, esse “agente secreto” (que deu também nome a uma das suas séries, em 1991) que actua sobre as coisas. Quem se move primeiro? O corpo ou o tempo? Este conjunto de imagens a que Jorge Molder chamou “Entrada por Saída” expõe, em toda a sua dimensão, um jogo com o tempo e uma capacidade de olhar que deixa uma impressão nos olhos do espectador. Uma mistura de diferentes séries e trabalhos que têm em comum uma característica: são as pistas de que precisamos para também nós começarmos a jogar um jogo que não tem princípio nem fim, onde tudo se pode baralhar e tirar de ordem, onde a entrada pode, afinal, ser a saída, e vice-versa.

Revista a.23

7 comentários:

  1. "...corpos em movimento que desafiam o olhar insistente da máquina fotográfica, sabendo que ela quer e vai fixar para sempre uma aparência."



    que fabulosas fotografias!


    muito obrigada pelo apontamento mié.



    um abraço.

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  2. Ela, a fotografia, que demonstra e faz ver o que lá está e nao se ve...
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    "(...)a luz, como o corpo, no seu ponto de fuga, indicam que estão ali para serem olhados."
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    E eu te olho sempre... sem objectiva!
    bjo
    algodão doce

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  3. sempre adorei Jorge Molder...

    fico ocntente por te saber que de perto o tens acompanhado.

    um bj mié

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  4. é incrível, porque associei logo o apelido "molder" a "moldar", a "moldura", enfim, não tem nada a ver, mas vai com o retrato :) boa noite, mié. um beijinho.

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  5. O Molder pensa a fotografia como revelação do interior. e é por isso que é fascinante!!!!!


    beijo.....("blog maneiro") :)))) claro que é!!!!!

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  6. Obrigada, Mié! Adorei conhecer o Jorge Molder! Parece-me um excelente projecto, interessantíssimo para apreciar, mas também para pensar, a fotografia.

    Fotografia pensativa... hummm... parece-me soberbo. E gostei imenso do que vi!

    Bjs :)

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